Titãs em Evolução: Uma Análise Faixa a Faixa do Novo Álbum do Helloween, "Giants & Monsters"

9/11/20254 min read

No panteão do power metal, o nome Helloween é sinônimo de legado. Após o sucesso estrondoso do álbum autointitulado de 2021, que celebrou a monumental reunião da formação "Pumpkins United", a expectativa para seu sucessor, "Giants & Monsters", era, no mínimo, gigantesca. Lançado em 29 de agosto de 2025, o décimo sétimo álbum de estúdio da banda não apenas enfrenta essa expectativa, mas a usa como combustível para uma evolução sonora notável.

Este não é apenas uma continuação; é a declaração de identidade de um septeto que agora opera com uma sinergia madura e sem egos. Com cerca de 30 músicas escritas para o projeto, a banda teve o luxo de esculpir um trabalho mais coeso e orgânico do que seu predecessor, que o vocalista Michael Kiske descreveu como "sobrecarregado".

Vamos mergulhar nesta jornada de 50 minutos e dissecar, faixa a faixa, o que torna "Giants & Monsters" um dos lançamentos mais importantes do ano.

1. Giants On The Run

A faixa de abertura é uma declaração épica de seis minutos que captura a nova dinâmica da banda. Com uma sonoridade que remete a uma versão moderna da "vibe Keeper", a música apresenta uma interação vocal magistral entre Andi Deris e Kai Hansen. Seu destaque é uma seção intermediária progressiva, sugerida por Hansen, que muda o tempo e o tom, mostrando a confiança da banda em sua abordagem colaborativa. Liricamente, a canção aborda a força interior e o potencial oculto que todos possuímos.

2. Savior Of The World

Um presente para os fãs de longa data. Esta faixa é um power metal veloz e direto, liderado pelos vocais estratosféricos de Kiske, que soa como se tivesse sido arrancado diretamente do final dos anos 80. A letra reflete sobre a esperança de que alguém assuma os fardos que não podemos carregar, um tema clássico do gênero.

3. A Little Is A Little Too Much

Aqui reside o ponto mais controverso do álbum. É um hino de hard rock com um refrão com infusão de pop que, para alguns, é perfeição cativante, enquanto para outros, é uma decepção. Andi Deris explicou que a letra mistura temas de amadurecimento erótico com a ideia de como pequenos excessos podem sair do controle, uma dualidade refletida em sua sonoridade acessível.

4. We Can Be Gods

Uma composição inconfundível de Kai Hansen, esta faixa é um power metal galopante que carrega o DNA do Gamma Ray. É uma das canções que mais se beneficia da presença dos três vocalistas, cujas vozes se entrelaçam para criar um refrão poderoso e inspirador sobre quebrar limitações e tomar o destino nas próprias mãos.

5. Into The Sun

A principal balada do álbum é uma peça de profunda ressonância emocional. Originalmente concebida para o álbum de 2021, a música foi ressuscitada e sua letra transformada para se adequar a um dueto entre Kiske e Deris, abordando o renascimento espiritual e a honestidade. O resultado é uma das baladas mais fortes da carreira da banda, com um solo de guitarra descrito como "chorado" por sua expressividade.

6. This Is Tokyo

O primeiro single é uma "carta de amor" de Andi Deris ao Japão, um país crucial no início de sua carreira. É um hino de estádio contagiante, com um refrão massivo projetado para ser cantado em uníssono por milhares de fãs. Embora eficaz, alguns críticos a consideraram uma escolha "curiosa" para apresentar o álbum.

7. Universe (Gravity For Hearts)

Amplamente considerado o ápice do álbum, este épico de mais de oito minutos é uma obra-prima de composição de Sascha Gerstner. A faixa mostra as ambições progressivas da banda, com belas linhas vocais e uma musicalidade de tirar o fôlego. Liricamente, a canção aborda a conexão cósmica entre todas as almas, um tema grandioso que combina perfeitamente com a escala da música.

8. Hand Of God

Esta faixa se destaca por sua sonoridade única. É mais sombria, mais moderna e incorpora toques de sintetizadores, lembrando a era de álbuns como "The Dark Ride". Sua meditação lírica sobre a morte e o que nos espera oferece um momento de gravidade e introspecção.

9. Under The Moonlight

Um retorno ao som clássico, feliz e otimista do Helloween. Com uma melodia contagiante, a música é uma celebração da simplicidade e do romance, rejeitando o materialismo em sua letra. É uma faixa direta que captura a essência "happy Helloween".

10. Majestic

O encerramento do álbum é um épico monumental de oito minutos, composto por Kai Hansen. Com uma atmosfera cinematográfica e uma forte influência do Gamma Ray, a faixa serve como um grand finale, mostrando todo o poder do septeto. A letra, aberta à interpretação, fala de deuses, alienígenas e mistérios antigos, encerrando o álbum em uma nota de maravilha e poder cósmico.

Veredito Final

"Giants & Monsters" é um triunfo. Ele prova que a era "Pumpkins United" não é um ato de nostalgia, mas um novo capítulo vibrante e criativamente fértil. O álbum é mais consistente e variado que seu predecessor, mostrando uma banda que não tem medo de evoluir. É o som de lendas que, após 40 anos, ainda estão no auge de seu poder, continuando a definir os padrões para o gênero que eles próprios criaram.